domingo, 21 de agosto de 2011

Qual o futuro da escola?

Inicio minha reflexão ressaltando que ser professor, em sua essência, é acreditar no futuro.
Antes de expor meus argumentos, compartilhei esta reflexão com meus colegas de trabalho. Alguns acreditavam que a escola nunca sairia do "tempo de incertezas" – o que é preocupante. Contudo, outros afirmaram que com um trabalho bem feito a educação pode evoluir juntamente com a sociedade. Aí está a importância do trabalho, principalmente, do professor na projeção da escola do futuro.
Quando abordamos os aspectos estruturais da organização escolar, precisamos nos lembrar diariamente que somos parte integrante e ativa de uma instituição democrática. Isto é, toda a equipe escolar, em conjunto, deve encontrar a solução para os problemas da escola. Isto implica a problematização e discussão produtiva sobre as reais necessidades e carências daquele público em questão. E fundamentalmente, traçar os objetivos de forma conjunta. Pois as habilidades e competências devem ser coerentes entre todas as áreas do conhecimento, correlatas e de igual importância.
Quanto às políticas públicas, sempre é necessário evoluir, Mas acredito que a proposta da SEE vem exatamente de encontro com o futuro. Cabe ao professor ter a visão de currículo que esteja também de acordo com o desenvolvimento social, cultural, político e econômico da sociedade.
Falando acima sobre a visão de currículo, ressalto novamente a importância da atuação do professor.
Fazer os conteúdos terem sentido na vida do aluno é um grande desafio, mas maior que este é torná-los atrativos. Está aí o primeiro passo.
Por isso a grande necessidade de primeiramente estar atualizado. O professor que busca o conhecimento está mais preparado para intervir na realidade com os subsídios necessários para construir uma aprendizagem consistente.
Em contrapartida, existe a necessidade de saber "transmitir" este conhecimento. O professor que compreende a linguagem e as maneiras de expressão dos alunos e consegue transpor os conteúdos para esta realidade faz com que os mesmos se sintam interessados em aprender, descobrir e desejar conhecer mais.
A tecnologia não deve ser vista como inimiga ou ameaça ao ensino – inimiga dos métodos tradicionais. E sim uma aliada para que possamos nos inserir no desenvolvimento atual e continuar intervindo no futuro.
Portanto a escola do futuro pede dinamismo. Comecemos então a torná-la a verdadeira sociedade. O aluno não deve encontrar na escola um mundo "à parte", um refúgio ou apenas uma etapa obrigatória. Ele deve sentir que ali ele aprende para viver no presente, para transformar o futuro e tornar-se um ser ativo na construção da história.
Novamente ressalto que a sociedade muda, os alunos também.
O aluno dos anos 70 não é o mesmo de hoje. E nem o aluno de 2011 será o mesmo de 2012. Com uma velocidade incrível o mundo se transforma. Por isso a agitação transformadora.
A educação precisa acompanhar estas mudanças. E o perfil do profissional e da própria escola também. A sociedade está cada dia mais exigente e a escola precisa dar resultado rapidamente. O que tornou a reforma educacional tão custosa.
O papel da escola fica restrito muitas vezes a necessidade de uma formação vasta que englobe o mundo do trabalho e as práticas sociais. Que implicitamente exige resultado nos vestibulares, habilidades distintas para o mercado de trabalho e conhecimento para a vida.
No caso das classes populares, observada a diminuição dos índices de desemprego e a ascensão social, há a procura pela formação que possibilite melhor qualificação para obtenção de um bom emprego ou até mesmo a entrada em uma universidade através de programas sociais.
Além de todas as atribuições culturais e sociais da escola, seria errôneo não nos atentarmos para estas necessidades. Portanto, é preciso haver um equilíbrio entre tais demandas.

Por _Berdusco

Prática Pedagógica: Participação, criatividade e amorosidade

Saber quais são as expectativas, interesses, preconceitos, medos e desejos dos alunos é o primeiro passo a gestão participativa, pois sem saber o que os mesmos sentem e esperam da escola e do professor é muito difícil fazer com que aquilo que ensinamos venha de encontro com estas necessidades. Visto que quando agregamos conhecimentos, experiências e vivências o aluno torna-se não só objeto da aprendizagem e sim seu sujeito de igual maneira.
Cada indivíduo trás consigo a bagagem de habilidades e talentos peculiares, que não devem de forma alguma ser desperdiçados. Transformar a relação entre o aluno, o professor e a aprendizagem em espaço para novas formas de agir e pensar amplia os horizontes do conhecimento e faz da escola lugar de liberdade e autonomia.
A escola é o local onde o aluno passa grande parte da vida se desenvolvendo e vivenciando grandes experiências, portanto o aluno deve ver o professor como aquele que contribui com estas mudanças. Já não é sinônimo de eficiência docente ignorar o que acontece além do âmbito do ensino e dos resultados. Além de ser fundamental que o professor demonstre o quanto aquele momento é importante para o aluno, assim como a paixão que tem pela profissão e o orgulho que sente a cada passo dado.


Por _Berdusco

Ensino e aprendizagem: os dois lados do acordo


O contrato didático torna a escola um ambiente dinâmico, onde cada um exerce sua função consciente de seu papel e de sua responsabilidade dentro e fora da mesma.
Claro que quanto mais experiência um professor tem, melhor consegue definir os limites e possibilidades da turma. Portanto deve-se tomar muito cuidado para que não contemple apenas uma das partes envolvidas no processo.
Acredito que a utilização do contrato didático é fundamental, até mesmo por deixar claros os objetivos que todos, em acordo, desejam alcançar. Além de tornar o ambiente escolar mais harmonioso, pois muitas vezes a falta de rumo e sentido de nossas atitudes faz com que o aluno não tenha motivos para interessar-se pelo aprendizado.
Não vou entrar em detalhes sobre o professor autoritário, rígido, inclemente, muito comum nos tempos de nossos pais e avós.
Mas as "cláusulas inegociáveis" e as "cláusulas abertas ao contexto imprevisível" me recordam um comparativo que certa vez me apresentaram.

"Atualmente existem dois tipos de professor:
 o professor "bonzinho" e o "bom professor".
O professor bonzinho é aquele que faz o seu papel.
 Planeja suas ações e ensina os conteúdos necessários.
 A grande maioria dos alunos gosta muito deste professor,
 pois sempre está som um sorriso no rosto e nunca exige muito deles.
O bom professor nem sempre consegue agradar à todos.
 Ele é imparcial quase todo o tempo
 e é difícil ter coragem de deixar de cumprir suas tarefas.
 Às vezes gera motivo de revolta e algumas
 caras feias – 'um dia amo, no outro odeio'. 
Nem sempre tem uma maçã em cima da mesa
 e homenagem especial na festa de formatura.
 Mas quando a maturidade chega,
 deixa saudade e os ensinamentos
 mais preciosos."

Acredito que as "cláusulas inegociáveis" devem ser claras, objetivas e principalmente, fazer sentido para o aluno. Por exemplo, quando pedimos para um adolescente tirar um boné da cabeça durante a aula, não devemos simplesmente "mandar tirar". É preciso que ele entenda que este tipo de chapéu serve para se proteger do sol e além de não estar fazendo sol dentro da sala de aula, esta é uma regra de etiqueta da nossa sociedade. E seguir estas regras de convivência nos faz pessoas conscientes, autônomas, livres para decidir pelo melhor, pois sabemos o que isto significa.
Este é apenas um exemplo, mas que deixa claro que até mesmo quando as regras e os objetivos são inegociáveis devemos deixar explícito o motivo destes. Pois muitas vezes, a causa de atitudes como indisciplina e baixo rendimento escolar vem da falta de compreensão sobre os reais objetivos da escola e sua ligação com a vida fora dela.
Agora quando falamos das "cláusulas abertas ao contexto imprevisível", podemos utilizar ainda o exemplo acima, quando estamos em uma aula em ambiente aberto ou em uma visita ao parque da cidade. Quando um aluno questiona o professor sobre o uso do chapéu.
É preciso discutir com a turma se é correto ou não já que não se trata da permanência em sala de aula. E conversando e debatendo ideias todos podem chegar a um consenso juntos.
Assim como quando uma tarefa é proposta aos alunos sabendo-se que já estão desenvolvendo outros projetos e trabalhos grandes em outras disciplinas na mesma semana. Será que o rendimento dos alunos será positivo? Não há um excesso de atividades para tão pouco tempo? Mas não é bom que os alunos estejam se preparando para as cobranças das universidades e da própria vida profissional? Quantidade é proporcional à qualidade das tarefas?
De igual maneira estas questões podem ser discutidas. E após exposição de ideias os alunos e o professor podem chegar à melhor alternativa para que ambas as partes sejam beneficiadas.
Retornando ao item das “cláusulas inegociáveis”, é fundamental que todos os acordos e decisões sejam voltados a aprendizagem dos alunos.
Sabemos que ao final do ano letivo o aluno tem uma série de competências e habilidades que devem ser desenvolvidas, portanto estas não podem ser descartadas juntamente com a divisão dos papéis – daí a necessidade de separar claramente o que é negociável do que é  inegociável – o que pode acontecer com muita facilidade. Já que a autonomia na qual o aluno assume sua função nos processos decisórios pode erroneamente afetar a produção acadêmica e a aprendizagem. Tanto pelo excesso de atribuições aos alunos como quando o professor não demonstra estar certo daquilo que combinou. O que de fato faz com que o aluno não tenha plena confiança na autoridade do docente.
Sabe-se que é preciso estar atento ao contexto social do aluno, mas não podemos desviar o foco de atenção nos objetivos principais – não anulando a totalidade do mesmo, mas ensinando-o a lidar com seus conflitos e dificuldades sem afetar sua vida escolar – já que na sociedade é preciso vencer tais obstáculos com responsabilidade.
Em contrapartida está o professor, que também deve saber administrar fatores externos, como exigências da gestão escolar, prazos, normas e projetos, que devem sempre estar de acordo com os objetivos gerais da disciplina e não tão ambiciosos quanto os mesmos.
Sendo que cada professor tem a sua maneira de apresentar as cláusulas inegociáveis, respeitando sempre o desenvolvimento e as necessidades de aprendizagem de cada aluno. Tornando formais as responsabilidades de cada parte em uma relação saudável e produtiva, pois quando cada um faz o seu papel o objetivo é alcançado com êxito.

Por _Berdusco

O professor do século XXI


Sabendo-se que atualmente o contexto escolar não é oposto ao contexto da sociedade, podemos concluir que em consonância com as mudanças sociais existe a necessidade de uma formação escolar que atenda a complexidade da vida contemporânea – adoção de funções diferenciadas e constantes reformas curriculares que afetam diretamente os conteúdos, os processos de aprendizagem e a gestão educacional.
Estas mudanças estão fortemente ligadas aos avanços das tecnologias de comunicação e informação, o que conduz o professor a criar novas formas de ensinar e aprender. Surgem então as demandas profissionais ao professor do século XXI.
Além de dominar os conteúdos de sua disciplina-alvo, já que este é um recurso fundamental para que o professor tenha as ferramentas para inovar e tornar sua matéria interessante para seus alunos, o mesmo deve saber ensinar de acordo com os interesses individuais e as dificuldades de cada um, já que deve estar atento aos talentos e habilidades que podem surgir, não necessariamente em sua área de atuação – nenhuma iniciativa de aprendizado deve ser desprezada.
Teoria e a prática devem fazer sentido para o aluno. Pois não nos encontramos mais no tempo em que a razão de nossas ações não é questionada. Lembrando sempre que o acesso à informação é muito maior, o que pode ser bom para ampliar horizontes e prejudicial se o professor não tiver seus objetivos consolidados e um amplo conhecimento sobre diversos assuntos.
O professor deve ser um agente ativo entre a informação e a transmissão do real conhecimento. Pois hoje em dia temos expectativas sociais e econômicas que demandam um olhar mais focado no desenvolvimento integral do sujeito.
Pode-se concluir que o professor de hoje deve trabalhar de acordo com a velocidade em que o mundo se transforma. Deve estar atento à mídia, aos modismos, às transformações culturais e a forma como os alunos trazem estas mudanças para dentro da escola.
Portanto, para que este profissional atenda a todas as demandas do século, é preciso sempre estar atualizado e em constante formação, e não menos importante, é necessário ter paixão pelo ofício e estar pronto para vencer os desafios que as novas gerações impõem ao objetivo maior: a aprendizagem.

Por _Berdusco

Currículo da Escola Estadual

Em contrapartida a concepção de que a escola é um ambiente voltado apenas para o ensino de subsídios técnicos e pedagógicos para um desempenho acadêmico produtivo, a visão educacional do estado de São Paulo apresenta uma abordagem que vem de encontro com as reais necessidades da sociedade: a aprendizagem para a vida.
Concluir o ensino fundamental ou ter um diploma já não significa ter posse do conhecimento. Na sociedade, desde cedo, os jovens são pressionados em uma corrida desenfreada pela informação, já que a velocidade dos meios de comunicação e os avanços das ciências e tecnologias estão em constante mudança. O que influencia a escola a preparar os alunos para esta realidade e para o equilíbrio da produção cultural e acadêmica.
Nota-se que além das desigualdades econômicas, existe uma grande diferenciação e, muitas vezes, torna-se fator de exclusão social a falta de acesso ao conhecimento e aos bens culturais – já que acentuam as discrepâncias sociais.
Portanto, a saída é conceber a escola como espaço de cultura e não apenas de ensino. Contudo, o que determina o sucesso desta instituição é a qualidade da educação recebida.
Fazer com que as oportunidades reais de aprendizado tenham relevância e pertinência quando confrontadas com as necessidades do mundo contemporâneo. Sendo assim, que o indivíduo possa ter participação ativa em seu ambiente social através da postura crítica e revolucionária que a escola deve desenvolver. Incentivando a concepção dos conteúdos como meio para o desenvolvimento de competências e habilidades solicitadas pela sociedade, inserindo-o de modo produtivo.
Portanto, esta visão de educação proporciona o desenvolvimento do pensamento autônomo em vista da vida adulta e profissional. Construindo a identidade, responsabilidade, liberdade e o pensamento individual quando confrontado com os valores de pertencimento. O que consequentemente permite ao cidadão consciente de seu papel na sociedade a continuidade da produção cultural e das boas práticas sociais através do gerenciamento de sua própria aprendizagem.


Por _Berdusco

"Como estrelas na terra – toda criança é especial."

Este foi o último filme que assisti.
Nunca dei atenção ao cinema indiano, mas após ver essa linda história passei a admirá-lo com outros olhos.
Do diretor Aamir Khan e produzido pela Bollywood, este filme conta a história de um menino de nove anos de idade que sofre de dislexia.
Ishaan vive em um país permeado pelo tradicionalismo educacional e a frequente corrida do ensino quando confrontado com uma sociedade que visa apenas o preparo para a mão-de-obra qualificada, a competição desenfreada no mercado de trabalho e a soberania do homem como chefe de família e o papel reduzido da mulher diante das questões familiares.
A parte divertida é a forma como o diretor faz dos professores tradicionais uma caricatura, e ao mesmo tempo acentua o sofrimento do menino quando excluído dos processos de aprendizagem, interação com os colegas e a própria família.
Enfatizo o papel de um professor chamado Ram. Que devido à sua experiência em escolas especiais e sua sensibilidade de educador nato transforma a vida de Ishaan, mostrando como as dificuldades podem ser vencidas e cada um pode demonstrar suas habilidades e seu valor diante do mundo.
Não vou contar mais detalhes senão perde a graça!
Portanto, este eu recomendo! Simplesmente lindo.


Por _Berdusco

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