terça-feira, 18 de setembro de 2012

Professor, seja um intelectual transformador!


            Primeiramente é preciso que o professor olhe para dentro de si, e esse hábito é diário. Se torna fundamental avaliar nossa própria postura diante dos dilemas da vida cotidiana e em especial, na rotina escolar.
           Existem diversas oportunidades durante as aulas para que o professor puxe um ou outro assunto e torne aquele momento precioso para o crescimento intelectual, crítico e transformador do aluno. Contudo, as exigências, os prazos e tarefas diárias muitas vezes atropelam esses processos tão enriquecedores.
           Saber articular estas oportunidades e os conteúdos, e proporcionalmente, o currículo e programa escolar é fazer com que haja a possibilidade de transformar informações em conhecimentos, instituição escolar em ambiente favorável à aprendizagem e o próprio professor em mediador, incentivador e sujeito ativo na construção democrática e crítica do pensamento.

          Não é preciso nem falar sobre a formação continuada desse profissional, que deve se atualizar constantemente para atender de forma adequada as demandas contemporâneas dos processos de ensino-aprendizagem. Entretanto, cada aluno tem seu ritmo de aprendizagem, e o professor que consegue sensivelmente perceber o que acontece à sua volta e age de maneira dinâmica e criativa é sem dúvida, um intelectual transformador!

Por _Berdusco

Programa e Currículo: diferenças e procedimentos para transformar informação em conhecimento



Um Programa não pode ser considerado ou confundido com o Currículo, pois o primeiro está inserido no segundo como unidade formadora.
Enquanto o Currículo se constitui em todas as ações realizadas no ambiente educacional, sejam elas administrativas ou pedagógicas, que definem a identidade e subjetividade da produção histórica, cultural e social na construção dos modos de ensino, formação e instrução da sociedade, o Programa está ligado à seleção dos conteúdos programáticos, dos saberes e conhecimentos inerentes ao processo de ensino-aprendizagem, organizados e sequenciados de acordo com aprendizagens anteriores e o que se pretende ensinar posteriormente — informações contidas no currículo escolar.
Portanto, a escola pode transformar informação em conhecimento através da contextualização dos conteúdos selecionados, da articulação entre os saberes das diversas áreas do conhecimento, do incentivo à produção cultural e aproximação da instituição escolar com as demais instâncias sociais.
            A contextualização dos conteúdos se relaciona com a atitude pedagógica de considerar a bagagem cultural do educando assim como seu contexto social, fazendo a transposição didática e a transferência dos conhecimentos escolares de maneira significativa para o cotidiano do aluno.
            A articulação dos saberes também é de suma importância, pois quando o educando não consegue relacionar os conhecimentos e usar de maneira inteligente o que aprendeu na resolução de problemas diversos, ele não compreende a utilidade de uma área ou outra, podendo desenvolver aversão ou dificuldade em disciplinas específicas devido a esse distanciamento.
           O incentivo à produção cultural e aproximação da instituição escolar faz com que o aprendizado do aluno ganhe visibilidade, sentido e verdadeiramente possa contribuir com o processo histórico-social que constitui o currículo escolar. O trabalho com a comunidade e a constante intervenção nos problemas do cotidiano torna a escola a instituição social majoritária e o que se aprende dentro dela, fator de transformação social e engrandecimento pessoal.
           Um olhar mais humano sobre a seleção, organização e implementação dos conteúdos didáticos e os objetivos de aprendizagem é um passo para a educação problematizadora.
Concebendo o currículo como o conjunto de todas as atividades da instituição escolar amplia o campo de atuação da mesma na sociedade, tornando-a peça-chave na construção de uma sociedade mais justa e democrática sim através da educação.
            É preciso que muito mais do que mera repetição de conteúdos desconectados com a realidade, obediência a regras e normas educacionais, pouca relação com a vida e o contexto social e o tratamento burocrático da educação, a escola passe a considerar a subjetividade dos atores sociais, suas necessidades, vontades e interesses e articulando o ensino e a emancipação crítica, forme a transforme seres humanos para intervir no seu contexto social de forma ativa, autônoma e transformadora.
             Percebo esse distanciamento entre as reais necessidades educacionais e o currículo adotado pelas escolas diariamente, e isso me incomoda muito.
             Sempre há o dilema entre o cumprimento da proposta curricular, assim como os prazos, tarefas e resultados e o aproveitamento de momentos e ambientes favoráveis ao aprendizado. Oportunidades únicas muitas vezes são desperdiçadas devido às exigências desnecessárias das instituições escolares ou até mesmo dos sistemas de ensino. Repensar a educação e o tipo de cidadão que estamos formando é preciso antes mesmo de decidir o que se deve ensinar e o que se espera aprender.

Por _Berdusco

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Correntes Comunicativas: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo


Oralismo é uma corrente comunicativa muito utilizada na educação dos surdos no século XIX que perdurou até os anos 70. Consiste no ensino da língua materna através da imposição da oralização nos processos de aprendizagem do surdo. Dessa maneira, neste método é proibida qualquer manifestação que se diferencie da fala, como ocorre na comunicação gestual e na utilização de mímicas. Portanto, o surdo deveria utilizar a fala, os vestígios de audição remanescentes, e um comportamento semelhante ao do ouvinte para ser aceito socialmente e finalmente ser curado da surdez através da prática da fala.
Devido ao descontentamento referente ao uso do oralismo na educação dos surdos, mais tarde, surgiu a Comunicação Total, que consiste na utilização dos sinais, leitura orofacial, amplificação e alfabeto digital no ensino da língua materna. Sendo assim, nesta corrente comunicativa o surdo tem livre arbítrio para escolher qual manifestação de linguagem lhe é mais adequada para comunicar-se socialmente. Visto que esta foi uma corrente que abriu espaço para o que conhecemos hoje como língua de sinais, assim como a autonomia e independência do surdo e sua inserção na sociedade, contudo não foi completamente efetiva devido a superficialidade no ensino de uma ou outra forma de comunicação. Isto é, como o surdo poderia utilizar o mecanismo que mais de identificava ou mesclar duas ou três formas de comunicação, não conseguia se especializar e aprender de maneira profunda sobre alguma forma de linguagem específica.
Já a proposta de ensino bilíngüe contrapõe-se ao oralismo porque considera a comunicação visual e gestual prioritária no ensino da linguagem. E se diferencia da comunicação total, pois defende fundamentalmente a língua de sinais na educação do surdo, não misturando uma manifestação lingüística com a outra. Nesta corrente, ensina-se primeiramente a língua de sinais e secundariamente a língua dos ouvintes, que pode ser manifesta apenas em sua forma escrita.
A proposta de ensino bilíngüe traz como benefício a integridade da manifestação visual e gestual expondo a criança surda desde cedo a língua de sinais, aprendendo a sinalizar tão cedo quanto uma criança ouvinte aprende a falar. Assim como o aumento de sua capacidade e competência lingüística que o ajudará a aprender também a língua falada, tornando-o bilíngüe desde cedo, e também o aumento do desenvolvimento cognitivo-linguístico em iguais proporções ao da criança ouvinte, criando uma relação harmoniosa não só com a comunidade surda — forte identificação e melhoria da auto-imagem quando consciente do pertencimento a um grupo específico que possui suas maneiras de se comunicar e se relacionar através de língua própria.

Por _Berdusco

Gestão e coordenação pedagógica


 Atualmente, o coordenador pedagógico ocupa um lugar fundamental na gestão escolar, contudo numa perspectiva democrática da organização e sistematização do trabalho educacional ele atua em conjunto com o corpo docente e a direção para auxiliar nos processos didático-pedagógicos.
Assim como a sociedade e contexto cultural, sócio-econômico e tecnológico avançaram, a gestão escolar também teve que se adequar a estas mudanças. E isso se deu tanto no âmbito discente, através da heterogenia de pensamentos, crenças, constituições familiares e comportamentos quanto na maneira como os processos de ensino se transformam de forma a atender este público tão exigente. Encontramos-nos na era da informação, onde os dados são coletados com facilidade, entretanto há grande superficialidade na absorção dessas tais informações e raramente elas chegam a se transformar em conhecimento.
Portanto, o coordenador pedagógico deve articular todas as ferramentas tecnológicas e as práticas sociais atuais para atrair a atenção dos alunos e motivar os professores a inovar suas práticas aproximando-as do contexto cultural dos alunos. Contudo, não é uma tarefa fácil, pois há uma grande resistência de ambos os lados. Docentes ficam receosos em tentar algo novo, mudar suas técnicas que sempre deram certo, provar o desconhecido. Alunos têm dificuldade de utilizar os recursos disponíveis de maneira responsável e muitas vezes não percebem a importância dos métodos considerados tradicionais também.
Já em relação ao projeto pedagógico, a formação dos professores, as reuniões pedagógicas e avaliações, o coordenador pedagógico atua na mediação das relações interpessoais para a construção das melhores estratégias pedagógicas para a melhoria dos processos de ensino-aprendizagem.
No projeto pedagógico, o coordenador reúne a história da escola, sua identidade, seus desejos, dificuldades e potencialidades. Através da articulação de todos os membros da comunidade escolar, ele propicia sempre que necessário uma rediscussão sobre o que a escola deseja para si e como ela deve atuar para alcançar suas metas conjuntamente e de maneira democrática.
A formação dos professores deve ser incentivada pelo coordenador pedagógico frequentemente, seja pela leitura e análise de textos simples, tanto pela reflexão sobre eventos do cotidiano, a troca de experiências entre os docentes ou pelo incentivo a freqüência em cursos divulgados pelos mais diversos veículos. Já as reuniões pedagógicas devem ser conduzidas de maneira planejada, discutindo os assuntos de interesse de todos os envolvidos, os problemas da escola, suas normas e prazos, as novidades, opiniões diversas e demais assuntos que precisam ser compartilhados constantemente.
As avaliações pedagógicas devem ser orientadas pelo coordenador através de críticas construtivas, acompanhamento constante, subsídios para suas aplicações e análise de resultados. E as avaliações institucionais devem ser organizadas de maneira mais burocrática atentando aos prazos e normas estabelecidas pelos sistemas de ensino e de maneira pedagógica através da coleta de dados necessários a reflexão junto ao professorado sobre as dificuldades e pontos positivos encontrados e, consequentemente, melhores maneiras de intervenção.
Durante a observação do cotidiano de diversos coordenadores pedagógicos percebi que as reuniões pedagógicas, a formação dos professores e o acompanhamento das avaliações institucionais estão de acordo com as condutas adequadas a função. Contudo, o projeto pedagógico está muito aquém do ideal, sendo um documento desconhecido por muitos alunos, professores, funcionários e membros da comunidade. E que não é nem mesmo discutido por todos os envolvidos, ficando espaço apenas para os projetos interdisciplinares temáticos do ano letivo.
Assim como as avaliações pedagógicas que não são analisadas pela coordenação, ficando a critério do professor avaliar da sua maneira e sem contar com dados de aprendizagem anteriores.
E um dos aspectos mais preocupantes é a relação entre os alunos e a coordenação pedagógica, que não passa de um processo restritamente burocrático, superficial e hierarquizado. Talvez o que falta nos processos de gestão educacional é um tanto de humanismo, um olhar mais profundo sobre os sujeitos envolvidos nos processos educacionais e suas peculiaridades. Entretanto, para isso seria necessária a divisão igualitária de tarefas, já que a sobrecarga de funções atribuídas ao coordenador pedagógico no ensino público não permite que o mesmo dê a atenção adequada a todos os aspectos citados anteriormente.

Por _Berdusco

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