Concordo que
este tipo de aversão avaliativa ainda é a mais utilizada atualmente. Pois a
avaliação por muitas vezes desconsidera o processo de desenvolvimento da
aprendizagem e a evolução individual do aluno, assim como suas dificuldades e
potencialidades. Visto que o caráter de exclusão, classificação e segregação
nos métodos de avaliação ainda é predominante.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgN1xFZaJOFQIo61c5LhYfvSnapUnPYBbH-5z4ip0UmZKE3pXL-mMjDeUUCgh0GiOZ2H7XpvFZWeJ0JPZaLNGuzOnGjfZbxgBbpPGSOAOowUf_k37XtDZuXcB7Sl3Mz0x4PVRx_pkUnBQaj/s1600/avaliar.jpg)
Grande parte dos professores devido às dificuldades do cotidiano, suas
histórias pessoais e sua própria subjetividade, acabam fazendo da avaliação um
instrumento de ameaça e/ou punição. Fazendo com que seja um momento de total
controle sobre a turma, separando claramente os capazes e os incapazes com
doses de autoritarismo.
Dessa maneira,
a avaliação se torna um fim em si mesmo. Seus objetivos e finalidades ficam
reduzidos ao final do bimestre, do ano, dos ciclos. Enfim, em poucos casos o
aluno compreende sua situação, o professor reorganiza a sua prática e ambos se
situam no processo de ensino aprendizagem de forma a diminuir as dificuldades e
encontrar novas possibilidades.
Portanto, as
razões que levam o aluno a não se sair bem nessas práticas classificatórias não
são analisadas. É necessário refletir se o aluno tem a mesma velocidade de
compreensão que os demais, se não tem um histórico de repressão e aversão aos
processos de avaliação que o leva ao nervosismo e ansiedade, e entre muitos
outros motivos. Por exemplo, certa vez durante um conselho de escola, todos os
professores falavam sobre uma aluna que havia faltado durante todo o bimestre e
voltara apenas na última semana de provas. Alguns foram inclementes, dizendo
que a mesma deveria estar cabulando aula e que seria melhor transferir a vaga a
alguém que precise e valorize mais a educação. Contudo, imediatamente a
coordenadora interrompeu a discussão, informando-nos que a mãe desta aluna
havia perdido o emprego e não tinha condições de arcar com as despesas do
transporte e alimentação, já que morava longe da escola, e só naquela semana a
mesma havia conseguido outro trabalho.
Portanto,
concluo que nesse caso é coerente compreender o contexto social em que o aluno
vive. Dessa maneira os outros fatores, que não só o contexto escolar, também
interfere no rendimento do aluno e com certeza também estão expressos nos
resultados de uma avaliação classificatória e excludente.
Sendo assim,
estas práticas refletem na postura do próprio aluno, que considera a avaliação
como uma tortura, um castigo repleto de ameaças e temores — como se fosse uma
moda de troca. Tornando o processo de ensino-aprendizagem um ciclo enfadonho
permeado de ameaças, obrigatoriedade em decorar conteúdos e absorver
informações, dependente da mera ação-reação dos sujeitos em meio às situações
do dia-a-dia escolar.
Sim, sabemos da importância da avaliação
tradicional, que quantifica o aprendizado do aluno classificando-o como apto ou
inapto a avançar no aprendizado, mesmo sendo classificatória, eliminatória,
seletiva, excludente, pouco qualitativa e não levar em conta a capacidade
individual do aluno. E mais ainda mais da avaliação construtiva que parte do nível
de aprendizagem que o aluno se encontra e das suas reais dificuldades e
potencialidades — intervindo diretamente na ação docente e nas práticas
pedagógicas que se modificam de maneira dinâmica de acordo com os resultados
obtidos e as necessidades do aluno naquele período específico. Se a escola fosse um ambiente desconectado da sociedade apenas a avaliação
construtiva seria de bom tamanho, mas a instituição escolar é uma das esferas
da vida humana, portanto também é reflexo do "mundo lá fora".
Contudo, quando falamos em sistematizar o
conhecimento, não significa que o professor deve limitar o ensino à transmissão
de informações esvaziadas de sentido e significado para o aluno. E sim que deve
conectar os conteúdos de forma contextualizada e de acordo com a real
necessidade de cada aluno e dos avanços da própria turma em relação aos
processos de aprendizagem.
Portando,
nesta visão construtivista e democrática do conhecimento, todos os sujeitos
envolvidos são responsáveis de igual maneira pelo produto final: a aprendizagem
significativa. Visto que o aluno passa a ser o centro da relação
ensino-aprendizagem e o professor fica em segundo plano, como facilitador desse
processo, intervindo de forma coerente em um gesto de cumplicidade e
responsabilidade pelo ofício de ensinar e o desejo de aprender.
Por _Berdusco
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