Em contrapartida aos modelos
pedagógicos tradicionais em que o ensino ocupava lugar primordial e o professor
estava no comando desta relação, atualmente o objetivo final da educação é a
aprendizagem e no centro desse processo está o aluno. Se o aluno é o objeto
final da educação, como educar se não se conhece o alvo ao qual pretendemos
atingir?
Tanto o educador quanto o
educando são seres humanos acima de tudo, dotados de emoções, sentimentos e
subjetividade. E para que se crie um ambiente favorável para o aprendizado,
este mesmo ambiente dever construir-se permeado de relações humanas, respeito
mútuo, solidariedade e igualdade — onde não há espaço para o autoritarismo e o
sentimento de inferioridade. Visto que este processo não se dá apenas quando
falamos do relacionamento entre alunos, pois parece que só os alunos que não se
entendem, só eles criam os conflitos, só eles são o problema. Quando falamos de
relacionamento interpessoal, estamos falando de todos os agentes do ambiente, o
que inclui também o professor como influente.
Por esse motivo, deve haver
espaço para que o aluno se sinta a vontade para mostrar sua identidade.
Lembremos que além de aluno, ele é humano. Falar sobre as tarefas, sobre notas,
advertências, comportamentos é importante, mas não é o um fim em si mesmo.
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Inicialmente, falei sobre como
conhecer o aluno e agora darei algumas sugestões. Comecemos pelo contexto
social, com a comunidade na qual o aluno está inserido, quais seus costumes,
qual sua cultura. Você não tem seu jeito de viver? Então, o aluno também tem o
dele. E por que não trocar experiências? É na troca, no compartilhamento das
histórias pessoais que há o intercâmbio entre a realidade de cada um e a
possibilidade da criação de uma cultura comum à comunidade escolar. Pois quando
cada componente se identifica com o ambiente e com os indivíduos há o
sentimento de pertencimento e reciprocidade. O que não acontece quando o aluno
percebe que o professor não se interessa por ele como pessoa.
Conhecendo profundamente o
público-alvo, resta saber como intervir. E para isso precisamos repensar
constantemente a prática pedagógica. Fatos, conceitos e princípios são
importantes, mas não devem ser introduzidos a qualquer custo na mente dos
alunos e principalmente se não tiverem relação alguma com a vida dos mesmos.
Relação com a vida nos remete ao
conceito de contextualização. Ouvimos muito sobre essa nova proposta didática e
sem sombra de dúvidas ela foi fundamental para a revolução da educação. Mas
podemos aprofundar mais ainda esta discussão e chegar à postura do professor.
Falei sobre autoritarismo no início do texto e retomo agora exemplificando em
algumas colocações.
Convivemos com diversos
professores que afirmam estar no topo da pirâmide hierárquica dentro de sala de
aula e que a última palavra sempre os pertence. Alguns até cultivam o receio em
esboçar um sorriso ao aluno e acabar por perder o tão ensaiado “respeito”. Se
pensarmos o ambiente escolar desta maneira colocamos em risco os preceitos
democráticos conquistados tão arduamente nos últimos anos na educação. Pensemos
no seguinte exemplo, agora colocando-nos no centro do processo. Se ensinarmos
aos nossos alunos que a sociedade deve se organizar única e exclusivamente de
maneira hierárquica, na escola o (a) diretor (a) seria a última instância e
todos deveriam acatar às suas decisões. Mas e o conselho escolar, em que
posição ficaria? Mas o conselho também não é composto por alunos, funcionários
da escola e pais? Como assim os alunos podem dar opinião em situações tão
delicadas? Enfim, aí está uma conquista democrática fundamental: sim, os alunos
têm voz!
O mesmo deve acontecer em sala de
aula. Não devemos confundir autoridade educacional com autoritarismo. Portanto,
o professor deve criar um clima favorável para que o aluno se sinta confiante o
suficiente para colocar sua opinião sem ser reprimido.
Enfim, conhecer o aluno, dedicar
um tempo para que todos se manifestem, contextualizar o aprendizado e criar um
ambiente favorável para a aprendizagem não são tarefas simples. E também não há
rótulos, fórmulas mágicas ou manuais que garantam o sucesso do processo de
ensino-aprendizagem. Mas com a humanização dos processos educacionais, a
valorização do aluno como pessoa e a responsabilidade de ambas as partes,
independentemente da disciplina ministrada, da faixa-etária atingida, das
condições sócio-econômicas ou quaisquer outras situações, o importante é
dedicar-se por inteiro e realmente gostar do que faz. Assim, um bom trabalho
acontecerá naturalmente.
Por _Berdusco
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