quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Como é mesmo que se diz?

Ontem eu estava sentada num ônibus, como sempre lotado.
Não foi um daqueles dias em que a atenção estava presente. Só me lembro de uma voz um tanto quanto dotada de razão e uma pitada de cinismo que me questionava "por acaso você está grávida?"
Sem revidar, levantei e dei meu lugar a esta gestante que talvez não soubesse que eu não a tinha visto.
Mais atrás, estava um garoto e um senhor sentados. Logo que o senhor se levantou, ameacei sentar. Mas um outro garoto saltou na minha frente e sentou primeiro. Olhou para mim e perguntou de má vontade "você num qué sentá não, né?". Eu respondi que não, mesmo que as minhas pernas pedissem redenção.
Como meu percurso não é dos mais curtos, embarquei num novo ônibus logo em seguida.
Uma senhora se sentou ao meu lado e me ofereceu pão-de-queijo.
Eu, meio sem graça e desacostumada com a gentileza das pessoas, apenas sorri e agradeci.
Naquele momento me lembrei da educação. Da simplicidade dos gestos. Do cortês e do cordial - será que os jovens de hoje sabem que essas palavras existem?
Não falo sobre o "bom dia, com licença, me desculpe e obrigado", e sim da consciência da inversão dos papéis.
Da facilidade em que as pessoas encontraram na quebra de pratos, ofença do ego e destruição da alma.
Singela, apenas a naturalidade em diminuir a posição alheia.
Talvez um vício? Consequência de uma má formação acadêmica? Será que vem mesmo do berço? Me parece mais um vírus que contamina a sociedade, as famílias e o futuro.
Minha mente visualiza aquela miss universo que sem hesitar responde que deseja ardentemente a "paz mundial".
O que é a paz mundial? O que é um mundo melhor? Todos temos as respostas na ponta da língua.
O problema é que ninguém se lembra de ajudar um idoso a atravessar a rua. Ninguém oferece uma carona no guarda-chuva, dá o lugar na fila ou empresta sem juros. Ninguém deixa de sair para um lugar legal com a intenção de doar, o que seria gasto com bem-estar e status, para uma causa que não é do seu benefício.
Ninguém tem o cuidado de perguntar se está tudo bem de verdade. Ninguém se preocupa se o seu trabalho foi árduo, se o seu dia foi difícil, se você conseguiu dormir à noite. Ninguém sabe olhar nos olhos, apenas para o próprio umbigo.
Se tem solução...Hmm...Resposta difícil.
Acredito que não adianta mudar circunstâncias. É mais válida a tranformação de pessoas, de vidas.
Não tem sentido continuar a conviver quando o pedido de desculpas não saiu da garganta.
Madre Tereza de Calcutá, Mahatma Gandhi...Exemplos de que algumas pessoas Deus fez e fez questão de secretar a receita. Bom, falando em Gandhi, ele já dizia "temos de nos tornar a mudança que queremos ver no mundo ".
Pois tinha toda a razão. Pena que pensar como ele não está na moda, né? É realmente uma pena.


Por _Berdusco

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