terça-feira, 3 de julho de 2012

Avaliação? Nãooooooo!!!


Concordo que este tipo de aversão avaliativa ainda é a mais utilizada atualmente. Pois a avaliação por muitas vezes desconsidera o processo de desenvolvimento da aprendizagem e a evolução individual do aluno, assim como suas dificuldades e potencialidades. Visto que o caráter de exclusão, classificação e segregação nos métodos de avaliação ainda é predominante.
Esta atitude é justificada por muitos professores devido à falta de condições adequadas para trabalhar, como, por exemplo, a ausência de materiais, tempo escasso de elaboração, excesso de conteúdos pré-estabelecidos, busca por resultados satisfatórios socialmente, falta de interesse dos alunos e diminuição da autoridade do professor, entre muitos outros motivos.
Grande parte dos professores devido às dificuldades do cotidiano, suas histórias pessoais e sua própria subjetividade, acabam fazendo da avaliação um instrumento de ameaça e/ou punição. Fazendo com que seja um momento de total controle sobre a turma, separando claramente os capazes e os incapazes com doses de autoritarismo.
Dessa maneira, a avaliação se torna um fim em si mesmo. Seus objetivos e finalidades ficam reduzidos ao final do bimestre, do ano, dos ciclos. Enfim, em poucos casos o aluno compreende sua situação, o professor reorganiza a sua prática e ambos se situam no processo de ensino aprendizagem de forma a diminuir as dificuldades e encontrar novas possibilidades.
Portanto, as razões que levam o aluno a não se sair bem nessas práticas classificatórias não são analisadas. É necessário refletir se o aluno tem a mesma velocidade de compreensão que os demais, se não tem um histórico de repressão e aversão aos processos de avaliação que o leva ao nervosismo e ansiedade, e entre muitos outros motivos. Por exemplo, certa vez durante um conselho de escola, todos os professores falavam sobre uma aluna que havia faltado durante todo o bimestre e voltara apenas na última semana de provas. Alguns foram inclementes, dizendo que a mesma deveria estar cabulando aula e que seria melhor transferir a vaga a alguém que precise e valorize mais a educação. Contudo, imediatamente a coordenadora interrompeu a discussão, informando-nos que a mãe desta aluna havia perdido o emprego e não tinha condições de arcar com as despesas do transporte e alimentação, já que morava longe da escola, e só naquela semana a mesma havia conseguido outro trabalho.
Portanto, concluo que nesse caso é coerente compreender o contexto social em que o aluno vive. Dessa maneira os outros fatores, que não só o contexto escolar, também interfere no rendimento do aluno e com certeza também estão expressos nos resultados de uma avaliação classificatória e excludente.

Sendo assim, estas práticas refletem na postura do próprio aluno, que considera a avaliação como uma tortura, um castigo repleto de ameaças e temores — como se fosse uma moda de troca. Tornando o processo de ensino-aprendizagem um ciclo enfadonho permeado de ameaças, obrigatoriedade em decorar conteúdos e absorver informações, dependente da mera ação-reação dos sujeitos em meio às situações do dia-a-dia escolar.
Sim, sabemos da importância da avaliação tradicional, que quantifica o aprendizado do aluno classificando-o como apto ou inapto a avançar no aprendizado, mesmo sendo classificatória, eliminatória, seletiva, excludente, pouco qualitativa e não levar em conta a capacidade individual do aluno. E mais ainda mais da avaliação construtiva que parte do nível de aprendizagem que o aluno se encontra e das suas reais dificuldades e potencialidades — intervindo diretamente na ação docente e nas práticas pedagógicas que se modificam de maneira dinâmica de acordo com os resultados obtidos e as necessidades do aluno naquele período específico. Se a escola fosse um ambiente desconectado da sociedade apenas a avaliação construtiva seria de bom tamanho, mas a instituição escolar é uma das esferas da vida humana, portanto também é reflexo do "mundo lá fora".
Contudo, quando falamos em sistematizar o conhecimento, não significa que o professor deve limitar o ensino à transmissão de informações esvaziadas de sentido e significado para o aluno. E sim que deve conectar os conteúdos de forma contextualizada e de acordo com a real necessidade de cada aluno e dos avanços da própria turma em relação aos processos de aprendizagem.
Portando, nesta visão construtivista e democrática do conhecimento, todos os sujeitos envolvidos são responsáveis de igual maneira pelo produto final: a aprendizagem significativa. Visto que o aluno passa a ser o centro da relação ensino-aprendizagem e o professor fica em segundo plano, como facilitador desse processo, intervindo de forma coerente em um gesto de cumplicidade e responsabilidade pelo ofício de ensinar e o desejo de aprender.

Por _Berdusco

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