domingo, 21 de agosto de 2011

Ensino e aprendizagem: os dois lados do acordo


O contrato didático torna a escola um ambiente dinâmico, onde cada um exerce sua função consciente de seu papel e de sua responsabilidade dentro e fora da mesma.
Claro que quanto mais experiência um professor tem, melhor consegue definir os limites e possibilidades da turma. Portanto deve-se tomar muito cuidado para que não contemple apenas uma das partes envolvidas no processo.
Acredito que a utilização do contrato didático é fundamental, até mesmo por deixar claros os objetivos que todos, em acordo, desejam alcançar. Além de tornar o ambiente escolar mais harmonioso, pois muitas vezes a falta de rumo e sentido de nossas atitudes faz com que o aluno não tenha motivos para interessar-se pelo aprendizado.
Não vou entrar em detalhes sobre o professor autoritário, rígido, inclemente, muito comum nos tempos de nossos pais e avós.
Mas as "cláusulas inegociáveis" e as "cláusulas abertas ao contexto imprevisível" me recordam um comparativo que certa vez me apresentaram.

"Atualmente existem dois tipos de professor:
 o professor "bonzinho" e o "bom professor".
O professor bonzinho é aquele que faz o seu papel.
 Planeja suas ações e ensina os conteúdos necessários.
 A grande maioria dos alunos gosta muito deste professor,
 pois sempre está som um sorriso no rosto e nunca exige muito deles.
O bom professor nem sempre consegue agradar à todos.
 Ele é imparcial quase todo o tempo
 e é difícil ter coragem de deixar de cumprir suas tarefas.
 Às vezes gera motivo de revolta e algumas
 caras feias – 'um dia amo, no outro odeio'. 
Nem sempre tem uma maçã em cima da mesa
 e homenagem especial na festa de formatura.
 Mas quando a maturidade chega,
 deixa saudade e os ensinamentos
 mais preciosos."

Acredito que as "cláusulas inegociáveis" devem ser claras, objetivas e principalmente, fazer sentido para o aluno. Por exemplo, quando pedimos para um adolescente tirar um boné da cabeça durante a aula, não devemos simplesmente "mandar tirar". É preciso que ele entenda que este tipo de chapéu serve para se proteger do sol e além de não estar fazendo sol dentro da sala de aula, esta é uma regra de etiqueta da nossa sociedade. E seguir estas regras de convivência nos faz pessoas conscientes, autônomas, livres para decidir pelo melhor, pois sabemos o que isto significa.
Este é apenas um exemplo, mas que deixa claro que até mesmo quando as regras e os objetivos são inegociáveis devemos deixar explícito o motivo destes. Pois muitas vezes, a causa de atitudes como indisciplina e baixo rendimento escolar vem da falta de compreensão sobre os reais objetivos da escola e sua ligação com a vida fora dela.
Agora quando falamos das "cláusulas abertas ao contexto imprevisível", podemos utilizar ainda o exemplo acima, quando estamos em uma aula em ambiente aberto ou em uma visita ao parque da cidade. Quando um aluno questiona o professor sobre o uso do chapéu.
É preciso discutir com a turma se é correto ou não já que não se trata da permanência em sala de aula. E conversando e debatendo ideias todos podem chegar a um consenso juntos.
Assim como quando uma tarefa é proposta aos alunos sabendo-se que já estão desenvolvendo outros projetos e trabalhos grandes em outras disciplinas na mesma semana. Será que o rendimento dos alunos será positivo? Não há um excesso de atividades para tão pouco tempo? Mas não é bom que os alunos estejam se preparando para as cobranças das universidades e da própria vida profissional? Quantidade é proporcional à qualidade das tarefas?
De igual maneira estas questões podem ser discutidas. E após exposição de ideias os alunos e o professor podem chegar à melhor alternativa para que ambas as partes sejam beneficiadas.
Retornando ao item das “cláusulas inegociáveis”, é fundamental que todos os acordos e decisões sejam voltados a aprendizagem dos alunos.
Sabemos que ao final do ano letivo o aluno tem uma série de competências e habilidades que devem ser desenvolvidas, portanto estas não podem ser descartadas juntamente com a divisão dos papéis – daí a necessidade de separar claramente o que é negociável do que é  inegociável – o que pode acontecer com muita facilidade. Já que a autonomia na qual o aluno assume sua função nos processos decisórios pode erroneamente afetar a produção acadêmica e a aprendizagem. Tanto pelo excesso de atribuições aos alunos como quando o professor não demonstra estar certo daquilo que combinou. O que de fato faz com que o aluno não tenha plena confiança na autoridade do docente.
Sabe-se que é preciso estar atento ao contexto social do aluno, mas não podemos desviar o foco de atenção nos objetivos principais – não anulando a totalidade do mesmo, mas ensinando-o a lidar com seus conflitos e dificuldades sem afetar sua vida escolar – já que na sociedade é preciso vencer tais obstáculos com responsabilidade.
Em contrapartida está o professor, que também deve saber administrar fatores externos, como exigências da gestão escolar, prazos, normas e projetos, que devem sempre estar de acordo com os objetivos gerais da disciplina e não tão ambiciosos quanto os mesmos.
Sendo que cada professor tem a sua maneira de apresentar as cláusulas inegociáveis, respeitando sempre o desenvolvimento e as necessidades de aprendizagem de cada aluno. Tornando formais as responsabilidades de cada parte em uma relação saudável e produtiva, pois quando cada um faz o seu papel o objetivo é alcançado com êxito.

Por _Berdusco

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