sábado, 3 de setembro de 2011

Adolescência




Como demonstra a raiz da palavra problemática, primeiramente, observamos a visão que caracteriza o adolescente como problema. Dotado de comportamentos inadequados, rebelde, indomável, esta rotulação é transferida da sociedade contemporânea para dentro da escola.
Como alternativa viável, muitas instituições escolares promovem ações que visam afastar estes jovens de situações de risco e vulnerabilidade social. Contudo, não atribuem nenhum sentido além deste para tal iniciativa – o que inferioriza a participação e frequência dos adolescentes nestes espaços.
A autonomia e até mesmo, a colaboração dos jovens nos processos de ensino e aprendizagem são, por muitas vezes, desconsideradas. Assim como iniciativas que gerem o senso crítico e político neste público.
Há também a falta de compreensão sobre a relevância das regras escolares e da própria sociedade, gerando atitudes de violência e indisciplina.
Não menos importante, percebe-se uma homogeneização da concepção sobre a própria adolescência, considerando-se apenas as transformações físicas e as incompreendidas mudanças psicológicas. E o descaso em relação ao contexto familiar, escolar, sócio-econômico e cultural de cada um dos alunos – diferentes entre si.
O relacionamento professor-aluno resume-se em mera verticalização. Tornando a abordagem dos conteúdos dotada de discrepâncias entre os resultados esperados pela sociedade – um bom emprego, sucesso no vestibular, entre outros – e as aprendizagem para a vida.
Em cada uma destas situações o professor pode interferir de diversas maneiras, pois o importante é que haja intervenção.
Para melhorar o espaço escolar, deve-se enxergar o jovem como solução. Sujeito ativo e capaz de intervir em seu contexto contribuindo de forma positiva na sociedade e própria escola. O que ele precisa é de uma chance.
O acesso ao esporte, cultura ou lazer deve ser uma opção para o aluno e não uma desculpa para mantê-lo longe das ruas. Portanto, é importante que ele goste e participe ativamente da construção e execução destas atividades.
Atualmente é um desafio preparar o jovem para ser autônomo num mundo capitalista sem torná-lo demasiadamente consumista. E ao mesmo tempo conscientizá-lo a ser solidário, pois também vivemos em um ambiente de democracia e liberdade de ações. Sendo assim, uma alternativa é incentivar o jovem a refletir sobre a sociedade em que vive e movimentar-se em ações sociais dentro da escola – por exemplo, criando organizações escolares como os grêmios estudantis. Desta forma, o jovem vê claramente a sua participação na gestão escolar, assim como o resultado da sua autonomia e o legado que isto deixa para a escola.
O diálogo, a reflexão em grupo e a intervenção do professor são fundamentais, mas a ação e as atitudes do professor são os exemplos que os jovens precisam para compreender e legitimar as regras sociais. Entrar em um consenso de que cada um deve cumprir o seu papel, sem parcialidades, facilita com que os alunos se apropriem do espaço escolar como ambiente de convivência democrática.
Deve-se sempre levar em consideração o momento de constantes transformações, medos, inseguranças e dúvidas que o jovem atravessa, assim como sua individualidade. Pois a partir do conhecimento sobre a realidade dos alunos, pode-se intervir incentivando-os a superar estas dificuldades e aproveitar esta fase da melhor maneira possível.
Estabelecer um relacionamento horizontal com os alunos demonstra a valorização aos mesmos e valores de igualdade. Lembrando sempre que cada um desempenha o seu papel para que possa exigir seus direitos.
Quanto à dificuldade em administrar os conteúdos de forma a atender as demandas sociais, é preciso equilibrar estas necessidades de igual forma.
Portanto, o professor deve saber articular os conhecimentos, gerenciar o tempo e utilizar diversas estratégias que tornem ambas as partes interessantes para os alunos.

Por _Berdusco

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